domingo, 14 de dezembro de 2014

O prazer de ler. De sonhar.

Ontem, numa das actualizações do Instagram, encontrei este maravilhoso texto, escrito pela querida Carolina Deslandes. Li e reli. Podia tê-lo escrito eu mesma, sem mudar uma única vírgula. Porque o meu lema de vida é e sempre será tão simples quanto isto: "Aproveitar as coisas pequenas da vida, o simples, o ínfimo.". 

"Eu nao invejo as tuas viagens pelo mundo. Eu não invejo os continentes que visitaste, o chão que pisaste... Nao invejo as cascatas em que mergulhaste, as viagens de balão. Nada. Nao invejo os povos que conheceste, as línguas que ouviste... Os postais e as fotografias que me mostras despertam-me curiosidade,sim. Mas nao me levantam um pelo do braço. Nada. 

O que eu invejo mesmo é quem se apaixona pelo normal, pelo simples. Quem encontra um pouso e deixa de ter sede de outros braços, de outros beijos. Isso sim. Aqueles que aceitam a aventura de acordar ao pé da mesma pessoa. Todos os dias. 

Essas sim são as imagens que me param o coração. Eu nao preciso da Amazónia, da Torre Eiffel ou do Pão de açúcar. Nao há nada que mais me fascine do que ver alguém continuamente apaixonado pela dança diária da rotina. Pelas torradas à mesma hora, pelo passar do leite, pelo beijo de despedida todas as manhãs. O que me fascina são as pessoas que assistem ao mesmo espectáculo todos os dias,da primeira fila, e aplaudem até nao haver mais luz. E no dia seguinte estão lá outra vez, a assistir aos mesmos passos e a esperar ansiosamente por um final que já conhecem e nunca os cansa. 
Eu nao me arrepio mais com experiências, eu arrepio-me com testemunhos. Eu arrepio-me com quem tem uma testemunha, um escudo e uma almofada, um berço e um foguetão. 
As tuas viagens pelo mundo nao são nada perto do desafio que é amar continua e inteiramente a mesma pessoa. Conhecer-lhe as fraquezas e as rugas, vê-la crescer e por vezes murchar e ainda assim acender o fogo todos dias. 
As imagens com que adormeço são só essas. O que eu invejo é quem vive a calma dos dias, quem se afasta do abismo de viver na corda bamba, quem nao precisa do perigo. O que me fascina é quem nao desiste. 
Nao me mostres o cume do Evareste, eu mostro-te uma fotografia dos meus avós. 44 anos casados, esse é o cume mais alto do mundo. E ninguém diga que existe aventura maior do que essa. (...) Eu quero uma família. E quero tirar fotografias em todos os cantos da casa. E ninguém diga que isto não é dar a volta ao mundo." 

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