terça-feira, 5 de agosto de 2014

O valor do dinheiro

Tenho muita dificuldade em falar sobre dinheiro. 

Essa dificuldade surge no facto de permanentemente me questionar relativamente ao surgimento disto a que, hoje, chamamos de "sociedade". Esta coisa artificial, naturalmente criada pela Homem. Este artifício que nos estandardizou e nos roubou aquela genuinidade característica de tempos demasiado recuados. 

Este artifício que não podia deixar de existir. E pronto, aconteceu o inevitável: eram precisas alternativas as trocas de géneros e apareceu o mini monstrinho - o dinheiro.

O dinheiro é um bicho feio e mau que dá cabo do mundo. Dá cabo da vida das pessoas que não o têm e das que o têm em excesso. O dinheiro faz as pessoas chorarem sem parar quase sempre e rirem em momentos muito pontuais, naqueles dias (raros) em que o ordenado não é  o pior de sempre e sentimos que a nossa conta até tem uns dígitos engraçados que dão para, sei lá, comprar duas t-shirt´s (nos saldos, claro) ou então para ir jantar um dia fora (ao restaurante rasca, óbvio).

Toda a gente trabalha à espera do dinheiro. Daquele que quase nunca chega a tempo e horas.Ah, sim, esqueci-me de dizer que o dinheiro não é pontual, nem tão pouco assíduo. 

Por isto tudo, o dinheiro merecia ser despedido de vez. De vez da vida das pessoas que deixam de viver por causa do dinheiro. Questiono tantas vezes o velhinho ditado do "Dinheiro não trás felicidade!". Mentira. Grande mentira. O dinheiro traz sim felicidade, porque é o dinheiro que permite dar de comer aos nossos, que permite pagar o tecto onde nos deitamos debaixo todas as noites, é o dinheiro que nos permites um ou outro prazer singelo, que nos puxam para fora do stress do dia-a-dia (que se deve também ao dinheiro, permitam-me acrescentar!). 

Se há algum dinheiro que para mim pague uma manhã ao Sol a ler um bom livro? Não. Que pague o prazer de  ouvir as melhores canções do Zeca Afonso, enquanto me refresco com uma limonada no jardim? Não. Que pague um dia inteirinho na praia a ouvir a maresia e a coleccionar conchas? Não. Que pague as gargalhadas do meu amor pequenino enquanto lhe conto uma história qualquer, inventada à pressão? Não.

Mas o dinheiro faz falta na mesma. Não é tudo, mas é imprescindível para que consigamos viver em pleno, viver felizes.

Raios partam o dinheiro que, cá para mim, éramos muito mais felizes a trocar 1kg de batatas por 1kg de farinha e por aí a fora, ai  não que não éramos!